Mariane Morisawa
Na coméida em cartaz nos cinemas, o ator interpreta vendedor de relógio que tenta emprego no GoogleVince Vaughn é mais conhecido por seus trabalhos como ator, mas se aventura de vez em quando como roteirista. Ele já tinha assinado “Encontro de Casais” (2009) e bolado a história de “Separados pelo Casamento” (2006) – ambos sobre relacionamentos em crise – e agora vem com "Os Estagiários", sobre uma crise ainda maior, a econômica.
Dirigido por Shawn Levy, “Os Estagiários” volta a reunir Vaughn com seu amigo Owen Wilson. “Eu adoro Owen, ele me faz rir. É bom gostar da pessoa com quem está trabalhando’, disse em mesa-redonda com participação do iG, em Los Angeles.
Vaughn é Billy McMahon, e Owen Wilson, Nick Campbell, dois vendedores experientes de relógios de pulso, dispensados pelo chefe pois ninguém mais usa relógios de pulso. É como se tivessem ficado obsoletos como os objetos que negociavam. “O filme fala sobre como a vida pode te maltratar, mas também como você lida com isso”, afirma o ator.
Crítica: "Os Estagiários" se apoia no carisma dos atores
Sem habilidade muito específicas, os personagens resolvem tentar uma solução bem criativa: estagiar numa empresa de tecnologia moderna, no caso, o Google. “São lugares de oportunidades, em que o ambiente de trabalho é alegre. É um grande contraste com as pessoas que estão perdendo o emprego, apesar de os garotos não verem o mundo de maneira muito otimista”, disse. Essa é uma das fontes de conflito – e de graça – na comédia.
Para Vaughn, a atual geração tem uma mentalidade diferente de seus ancestrais imigrantes. “O sonho americano tinha a ver com vir, trabalhar duro e se dar bem. Agora as pessoas esperam ganhar as coisas de graça.”
O ator trabalhou em telemarketing e como salva-vidas antes de fazer sucesso em Hollywood. “Venho de uma família de imigrantes, então eu sei que tenho sorte de fazer o que gosto de fazer. Nunca foi um conceito para meus familiares que um trabalho pudesse ser divertido.”
Mas ele também não acredita muito na história vendida durante anos de que a carreira sempre vem em primeiro lugar. “Nunca vivi para trabalhar, sempre trabalhei para viver. Minha família é muito importante para mim.”
Vince Vaughn acha que sua profissão – ele se define como um contador de histórias – nunca vai ficar obsoleta. “Mas não sei em que formato vai existir, e acho isso empolgante. A tecnologia em geral vem para democratizar. Mas as gerações mais velhas sempre acham que os mais novos não estão fazendo certo. As pessoas têm medo de mudanças.”