Luísa Pécora
Atores interpretam grupo de amigos marcado por uma tragédia no filme que fez sucesso em festivais e estreia em 27 de marçoQuinze dias antes de começarem as filmagens de “Entre Nós”, longa de Paulo Morelli que estreia no dia 27 de março, o diretor levou o elenco para um período de “confinamento” na única locação prevista: uma casa isolada na Serra da Mantiqueira (divisa entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). O laboratório incluiu leituras do roteiro, exercícios de improviso e conversas sobre arte e cinema, e aproximou ainda mais atores que, em sua maioria, já eram grandes amigos.
Carolina Dieckmann retorna ao cinema em 'Entre Nós'
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Paulo Vilhena, ator de 'Entre Nós'
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Caio Blat em entrevista sobre o filme 'Entre Nós'
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Paulo Morelli, diretor de 'Entre Nós'
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“Quem vê o filme lembra da sua própria turma, é uma identificação imediata”, disse Caio Blat, que encabeça o elenco formado por sua mulher, Maria Ribeiro, e os atores Carolina Dieckmann, Paulo Vilhena, Júlio Andrade, Martha Nowill e Lee Taylor. "Quase todos nós somos amigos há dez anos. Para parecer uma turma, não precisávamos de laboratório", completou, durante entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (17) em São Paulo.
Premiado no Festival do Rio do ano passado e exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e na competição do Festival de Roma, “Entre Nós” é dividido em dois momentos. Em 1992, os sete amigos, todos jovens escritores, desfrutam de um fim de semana em uma casa na montanha, escrevem cartas para si mesmos e decidem enterrá-las, para que sejam lidas dez anos depois.
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Em 2002, o cenário é completamente diferente: uma tragédia ocorrida no primeiro encontrou mudou para sempre a vida do grupo, e a nova reunião traz à tona segredos, frustrações e o peso da vida adulta que se opõe aos sonhos despreocupados da juventude.
Foi a ideia das cartas que serviu de mote para o roteiro, que Paulo desenvolveu com o filho, Pedro. “O filme fala sobre relações pessoais, mas também discute grandes temas, como a passagem do tempo, a chegada a à vida adulta, a amizade e a lealdade”, disse o diretor, citando “Invasões Bárbaras”, de Denys Arcand, como a principal influência da dupla.
De classe média para classe média
Os atores deixaram clara sua empolgação com o projeto. Maria Ribeiro destacou o fato de “Entre Nós” ser um filme raro na produção nacional, no qual “a classe média fala sobre a classe média”.
“O cinema brasileiro vive uma segregação um pouco triste entre cinema de público e cinema cabeça. Me sinto mais representada pelos longas argentinos”, disse. “De todos os filmes que fiz até hoje, este é o que mais me orgulha e o que tem temas mais caros a mim. Foi um encontro artístico muito emocionante, bonito e prazeroso.”
Vilhena disse que o filme representa um passo grande em sua trajetória profissional. “É importante ter essas oportunidades de se colocar em um lugar melhor, e isto está acontecendo com esse filme”, afirmou.
Dieckmann no cinema
Com poucos longas no currículo, Dieckmann disse ser radicalmente diferente de sua personagem, Lúcia, a primeira a descobrir o segredo guardado pelo protagonista (Blat). “Sou muito mais impulsiva, então talvez não tivesse a mesma atitude que a dela. Mas ela faz o que é possível para ela, dentro da força que tem.”
Antes mesmo da estreia no circuito comercial, o elenco já planeja dar continuidade ao projeto, seja em novos filmes ou em uma peça, como sugeriu o ator Wagner Moura, de acordo com a produtora Diane Maia.
Durante o processo de ensaio, o elenco e o diretor imitaram os personagens e escreveram cartas para si mesmos, devidamente enterradas no espaço que serviu de locação. “Temos um encontro marcado em 2022”, disse Blat.