Luísa Pécora
Diretor francês Thierry Ragobert fala ao iG sobre o desafio de filmar na floresta: "Escolhemos a dificuldade"Um filme em 3D, sem atores, diálogos ou narração abrirá na noite desta quinta-feira (26) a edição 2013 do Festival do Rio. Mais: "Amazônia", coprodução entre Brasil e França, é estrelada por um macaco-prego, que precisa aprender a viver na floresta após ser o único sobrevivente de um acidente de avião.
Parceria entre a produtora brasileira Gullane e a francesa Biloba, "Amazônia" é o longa mais caro já filmado na região, com orçamento de R$ 26 milhões (cerca de R$ 4 milhões vindos do governo nacional). Já foi exibido nos festivais de Veneza e Toronto e tem Luiz Bolognesi, diretor de "Uma História de Amor e Fúria", como um de seus roteiristas.
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Imagem do filme 'Amazônia'
Foto: Araquém Alcântara
Imagem do filme 'Amazônia'
Foto: Araquém Alcântara
Imagem do filme 'Amazônia'
Foto: Araquém Alcântara
Imagem do filme 'Amazônia'
Foto: Araquém Alcântara
Imagem do filme 'Amazônia'
Foto: Araquém Alcântara
Imagem do filme 'Amazônia'
Foto: Araquém Alcântara
Imagem do filme 'Amazônia'
Foto: Araquém Alcântara
A direção é do francês Thierry Ragobert, famoso pelo documentário "O Planeta Branco", de 2006. O cineasta passou sete meses na Amazônia para as filmagens, que no total levaram dois anos - entre três gravações principais e seis expedições com equipe reduzida pelos quatro pontos da floresta.
As dificuldades de filmar no local justificam o longo período de trabalho. "É preciso ter muita paciência com os animais", disse Ragobert, em entrevista por telefone ao iG. "Tínhamos de reorganizar a filmagem permanentemente, todos os dias, mas a dificuldade nos permitiu captar momentos surpreendentes, engraçados, tristes e até um pouco milagrosos."
Leia os principais trechos da entrevista:
iG: Foi difícil filmar na floresta amazônica?
Thierry Ragobert: Sim, muito difícil. Decidimos trabalhar em 3D, com câmeras muito grandes, e num ambiente natural. Isso significa que escolhemos a dificuldade, pois muitas coisas não se revelam no início. Tudo o que prevíamos nunca chegava a acontecer. Tínhamos que reorganizar a filmagem permanentemente, todos os dias. Mas a dificuldade nos permitiu captar momentos surpreendentes, engraçados, tristes e até um pouco milagrosos que, no fundo, fazem o filme.
iG: Por que a decisão de filmar em 3D?
Ragobert: "Amazônia" é um filme de imersão, sensorial, e o 3D nos dá uma dimensão nova, perspectiva, volume. Acho que a imersão fica mais profunda. E como não há narração ou qualquer comentário no filme, é preciso que as pessoas sintam o ambiente, os barulhos, criem esse imaginário.
iG: Como foi a experiência de produzir um longa em parceria com o Brasil?
Ragobert: Foi muito interessante e funcionou muito bem. Aprendi bastante sobre os brasileiros e sua felicidade de trabalhar. Até aprendi a palavra "alegria". Desde a concepção trabalhamos com pessoas que conhecem bem a floresta amazônica. A equipe tinha gente do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas também gente de Manaus. Então para mim foi um encontro muito interessante com três culturas um pouco diferentes.
iG: Qual a expectativa para a exibição no Festival do Rio?
Ragobert: Como o filme é uma coprodução, para mim é muito importante mostrar o filme aqui. Além disso, estamos falando sobre a Amazônia brasileira, então estou curioso - e um pouco tenso - em mostrar o filme para o País que possui esta floresta.
iG: Como tem sido a reação do público nos festivais internacionais?
Ragobert: O resultado tem sido muito positivo, principalmente entre jovens e crianças. Eu estava inquieto, porque o filme é um pouco diferente do modelo clássico, um pouco singular, até um pouco exigente, talvez. Acho que as crianças têm uma maior capacidade de imersão, porque têm mais imaginação. Assim, acabam sendo mais receptivos. Mas os adultos também gostam porque não é apenas um filme de paisagens bonitas - há lembranças, aprendizado, valores. É um filme que chegará a cada pessoa de forma diferente.