Mariane Morisawa
Favorito, “O Som ao Redor” levou o troféu Redentor de melhor longa de ficçãoAté que transcorreu sem surpresas a premiação da Première Brasil do Festival do Rio 2012, na noite desta quinta (11). “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, levou o merecido troféu Redentor de melhor longa de ficção, além do prêmio de melhor roteiro. Era mesmo o único grande candidato da competição, com sua narrativa em forma de pequenas cenas cotidianas que compõem um rico painel da vida amedrontada e da tensão social entre moradores de classe média numa rua do Recife.
O diretor Kleber Mendonça Filho, de "O Som ao Redor", recebe o prêmio de melhor longa-metragem de ficção no Festival do Rio 2012
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Cena de "'O Som ao Redor", dirigido por Kleber Mendonça Filho
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Otávio Müller com o prêmio de melhor ator por "O Gorila" no Festival do Rio 2012
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Otávio Müller em "O Gorila"
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Marcos Frota entrega o prêmio de melhor atriz, vencido por Leandra Leal, para o diretor Bruno Safadi, de "Éden"
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Leandra leal em cena de "Éden"
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Alessandra Negrini recebe o prêmio de melhor atriz coadjuvante por "O Gorila"
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Otávio Müller e Alessandra Negrini em "O Gorila"
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A diretora de "Disparos", Juliana Reis, liga para o ator Caco Ciocler ao receber o prêmio de melhor coadjuvante por ele
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Caco Ciocler em cena do filme "Disparos", exibido no Festival do Rio 2012
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Entre os atores, também houve poucas surpresas. Leandra Leal, a única verdadeira candidata entre as mulheres, ficou com o troféu de melhor atriz por “Éden”, de Bruno Safadi, por sua interpretação de uma jovem viúva grávida que uma igreja evangélica quer adotar. Otávio Müller, de “O Gorila”, bateu Wagner Moura (“A Busca”) e Irandhir Santos (“O Som ao Redor”) na disputa pelo prêmio de melhor ator. Não é injusto: Müller vai do sacana que passa trotes eróticos em mulheres a vítima de uma pequena conspiração. Sua companheira de elenco, Alessandra Negrini, como uma das mulheres em quem o “Gorila” desperta simpatia, foi escolhida na categoria coadjuvante. Ela abandona um pouco sua queda pela dramaticidade para mostrar um lado mais suave e cômico.
Caco Ciocler, como um cínico delegado de polícia, saiu com o troféu de melhor ator coadjuvante por “Disparos”. Também era um dos candidatos mais claros na categoria, apesar de João Miguel impressionar como o pastor de “Éden”. Dirigido por Juliana Reis, “Disparos” também foi escolhido pela edição e pela fotografia - nada mau para uma estreante. Mas o júri deixou de destacar projetos mais ousados tecnicamente, como o próprio “O Som ao Redor” ou “Éden”.
O júri formado pela produtora Lucy Barreto, pelo diretor e produtor Marcos Prado, pelo diretor de fotografia Renato Falcão e pelo diretor de cinema do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) Rajendra Roy preferiu premiar Eryk Rocha, do documentário “Jards”, como melhor direção. Mas o troféu de documentário foi para “Hélio Oiticica”, colagem de imagens e depoimentos do artista visual dirigida por seu sobrinho Cesar Oiticica Filho. Na mesma categoria, o público preferiu o quadradinho e informativo “Dossiê Jango”, de Paulo Henrique Fontenelle. Entre as ficções, o mais votado pela audiência foi “A Busca”, de Luciano Moura, um road movie sobre um pai à procura do filho.
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No fim, foi uma premiação sem grandes polêmicas, apesar de privilegiar o mais palatável e óbvio em detrimento do mais difícil e sutil.