Valmir Moratelli
Encerramento teve piadas fracas e crítica ao julgamento do mensalão. Veja os vencedores desta ediçãoO longa “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, foi o grande vencedor do Festival do Rio 2012, ao levar nesta quinta-feira (11), no Cine Odeon, centro do Rio, o prêmio de melhor filme pelo júri. Pela escolha do público, o vencedor foi “A Busca”, de Luciano Moura, tendo Wagner Moura como protagonista. O melhor documentário foi “Hélio Oiticica”, de César Oiticica Filho.
Coube à dupla Maria Clara Gueiros e Lucio Mauro Filho comandarem a noite de premiação. Para um público bem menor do que dos últimos anos, com a sala de cinema repleta de lugares vazios, Lúcio Mauro atribuiu a falta de quórum à novela da TV Globo. “As pessoas estavam vendo Avenida Brasil, mas nada supera o cinema brasileiro. Por isso que estão atrasadas, mas podem chegar que só está começando”. A forte chuva que caiu horas antes também assustou os curiosos nas grades de proteção do "red carpet".
Depois vieram as piadas que não surtiram efeito no público. “Clara, você está uma deliciosa garrafa de vinho merlot”, disse Lucio, em referência ao vestido cor de vinho da parceira de palco. E continuou: “Você de merlot, mas quem fica ‘merlado’ sou eu”. Ninguém aplaudiu. Maria Clara, visivelmente constrangida, prosseguiu com o texto.
Acesse o especial Festival do Rio
Lúcio Mauro voltou a destoar ao comentar a roupa de Walkyria Barbosa, uma das organizadoras do Festival. Chamou-a de Cleópatra, devido ao vestido esvoaçante. Depois tentou corrigir: “É no bom sentido, tá? Tipo Elizabeth Taylor...”. Walkyria não deu ouvidos. “Este foi o maior festival de cinema já realizado na historia do Rio”, disse.
Os números comprovam. A estimativa de público foi de 280 mil. Cerca de 8% dos filmes exibidos tiveram suas premieres mundiais no Festival do Rio. Mais de 60 países foram representados através dos seus filmes e coproduções. Foram 427 filmes exibidos, o que representa o maior número de filmes da história do festival, que contou com mais de 30 pontos de exibição - entre salas de cinema, arenas e praia, tendo mais de 450 convidados brasileiros e estrangeiros, das mais diversas áreas: diretores, distribuidores, produtores, executivos e roteiristas.
O ponto alto da noite ficou por conta dos meninos que atuaram no documentário “A Batalha do Passinho”. Produzido por Emílio Domingos, o filme mostra a história de vida dos dançarinos e os bastidores do campeonato de dança realizado ano passado com o apoio do Programa UPP Social. Os garotos subiram ao palco para receberem aplausos do público e, claro, apresentarem alguns de seus passinhos.
Outro fato que fugiu ao protocolo foi o discurso de Luiz Carlos Barreto que, ao lado da mulher Lucy, foi homenageado nesta edição. Barretão criticou o julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. “Pelo que vivemos hoje, estou preocupado, porque defendo o Estado de direito democrático. Direito a ser julgado partindo do pressuposto de que todos são inocentes até que se tenham provas contrárias”. Alguns aplaudiram timidamente.
Otávio Müller foi escolhido melhor ator, por "O Gorila", Leandra Leal como melhor atriz, por “Éden”, Caco Ciocler como ator coadjuvante, por “Disparos”, e Alessandra Negrini como atriz coadjuvante, por “O Gorila”. De vestido com decote e uma das coxas à mostra, Negrini roubou as atenções. Momentos antes, ainda no tapete vermelho, foi perguntada pelos repórteres por que tinha optado por uma roupa sexy. “Sexy? Não. É casual”.
Veja a relação completa dos premiados:
Melhor Filme: "O Som ao Redor", de Kléber Mendonça Filho
Diretor: Erik Rocha ("Jards")
Documentário: "Hélio Oiticica", de Cesar Oiticica Filho
Melhor roteiro: “O Som ao Redor”
Melhor ator: Otávio Muller ("O Gorila")
Melhor atriz: Leandra Leal ("Éden")
Atriz coadjuvante: Alessandra Negrini ("O Gorila")
Ator coadjuvante: Caco Ciocler ("Disparos")
Montagem: "Disparos"
Fotografia: "Disparos"
Melhor curta: "Realejo", de Marcus Vinicius Vasconcelos
Prêmio especial do Júri: Antônio Venâncio
Júri Popular: "A Busca", de Luciano Moura (ficção); "Dossiê Jango", de Paulo Henrique Fontenelle (documentário)
Mostra Paralela Novos Rumos: "Super Nada", de Rubens Rewald (ficção), e "A Batalha do Passinho", de Emilio Domingos (documentário)